o baú da mente

A mente é como um baú e, dentro dela, cabem muitas coisas: cenas do passado, sonhos para o futuro, percepções sobre as pessoas, julgamentos, desejos, medos, limitações, sentimentos…

Compreendendo desta forma, então que tipo de coisas coloquei para dentro deste “baú” chamado mente?

Será que ainda cabe alguma coisa, ou está cheio até a borda? E… se está cheio, é de coisas úteis e valiosas, está abarrotado de coisas velhas e sem valor?

Quando uma situação que aparece funciona como estopim para uma reação emocional descontrolada, o que isso significa? Talvez que o baú de minha mente esteja tão cheio que, ao tentar colocar qualquer pequena coisa, haja um desmonoramento do que procurei cuidadosamente empilhar e encaixar ali dentro?

istockphotos.com

Se não seleciono com antecedência o que vou guardar no meu interior, então tudo passa a ocupar espaço e a me tornar abarrotado de memórias, sentimentos, crenças, percepções, sonhos… Muito do que permito que adentre esse espaço jamais será útil para mim, jamais me trará um grau de elevação e progresso espiritual… pior: ocupará muito espaço, me tornará pesado e sem abertura para “respirar”, ou seja, para entrar o que realmente me beneficiará.

Tenho pensado sobre autopunição, sobre sentir-me culpada ao expor um sentimento com relação a algo que eu sinta que não é meu papel fazer, ou que me cause algum desconforto.

Mais de uma vez senti-me um tanto mal após me posicionar com firmeza em relação a algo que eu senti que não deveria mais fazer. Observei que a culpa vinha pelo meu autoquestionamento com relação à minha humildade, flexibilidade e tolerância naquela situação, como seu eu eu tivesse que ter “cedido” um pouco mais às necessidades do outro, cooperando mais com ele. Por outro lado, vem à memória de que há um longo histórico de estar cedendo sucessivas vezes à necessidade do outro, formando um desconforto que cresce como bola de neve…

Isso acontece quando eu deixo de considerar a mim em primeiro lugar, não no sentido egoísta de permanecer confortável, mas no sentido de autocuidado, do cuidado com o que permito se formar em termos de pensamentos e sentimentos e se alojar no baú da mente.

Esse autocuidado não está necessariamente relacionado ao tempo, mas à intensidade e qualidade com que reconheço e fortaleço a consciência de mim.

Está relacionado à consciência que cultivo com relação à minha própria existência. Será que me considero apenas mais um ser humano vivendo no mundo sem qualquer propósito? Ou consigo perceber que sou um ser iluminado, com direito à crescer e a experimentar a própria espiritualidade, benevolência e digno da companhia e do amor de Deus?

Ao me perceber neste nível de elevado autorrespeito, que não tem nada a ver com arrogância, não permitirei que nenhum tipo de situação abarrote o meu “baú” mental. Este baú estará sendo sempre renovado com tesouros e jóias de pensamentos, sentimentos, atitudes, palavras e sabedoria que recebo e compartilho com todos.

Posicionar-me de modo firme e claro é importante, mas se feito com doçura, sem traços de violência, autoritarismo ou abuso em pensamentos, palavras e ações. A verdade das intenções de cada um envolvido na situação se revelará em suas próprias consciências e a situação se ajeitará.

Voltar os pensamentos ao passado, em autopunição e confusão por dúvida de ter ou não ter feito o melhor apenas abarrotará o baú da mente. Após tomar uma decisão, é preciso seguir em frente, fazendo as mudanças e os ajustes necessários no novo percurso.

expresse